Conhecimento & Aprendizagem

Saúde Mental dos colaboradores: o ativo mais valioso

O ano de 2020 foi atípico. Desde então tivemos que mudar nossos hábitos e reaprender a viver em uma nova realidade. Uma realidade que nos fez trocar os escritórios pelo home office, que emaranhou nosso horário de trabalho com tempo de descanso, e não sabíamos mais onde um começava e outro terminava. O cansaço, o esgotamento físico e mental ocasionado pela pandemia até mesmo recebeu uma terminologia pela Organização Mundial da Saúde (OMS): fadiga pandêmica.

Além disso, somos um país de ansiosos e estressados. Conforme relata a International Stress Management Association (ISMA), o Brasil é considerado o segundo país com maior índice de estresse relacionado ao trabalho (Burnout) no mundo. Adicionando novas variáveis à equação, não demorou muito tempo para que os debates sobre Saúde Mental fossem reaquecidos sem que precisássemos esperar setembro chegar.

Segundo o estudo One Year of Covid-19 do instituto Ipsos, encomendado pelo Fórum Econômico Mundial,  53% das pessoas entrevistadas no Brasil declararam que sua saúde mental mudou para pior desde o início de 2020. Essa porcentagem coloca o país em quinto lugar, dos 30 participantes, entre os que mais sentem as consequências da pandemia em seu bem-estar emocional. Acima do Brasil apenas Itália (54%), Hungria (56%), Chile (56%) e Turquia (61%). 

Diante da pandemia, o cenário de transtornos mentais se agravou e situações como acúmulo de tarefas profissionais e domésticas; endividamento; incertezas sobre o futuro e medo do contágio, resultaram em uma alta de quase 30% de afastamentos do trabalho em comparação com 2019, segundo dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho.

Outros números que também refletem o impacto da pandemia na saúde mental estão ligados aos índices de suicídio, ansiedade, depressão e até mesmo divórcios. O número de casais que oficializaram a separação em cartórios bateu recorde em 2021: 77.112 divórcios consensuais no ano passado, de acordo com CNB (Colégio Notarial do Brasil).

A OMS define como saúde mental “um estado de bem-estar onde o indivíduo está ciente de suas próprias habilidades, pode enfrentar as tensões normais da vida, pode trabalhar de forma produtiva e frutífera e consegue contribuir com a sua comunidade”.  Ainda conforme a OMS, cerca de 86% da população brasileira sofre de ansiedade, depressão ou estresse.

E onde as empresas se enquadram em tudo isso?

Para a OMS, é essencial que as empresas ofereçam suporte aos seus colaboradores por meio de práticas organizacionais que impulsionem o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Vale salientar que não estamos falando de novas condições relacionadas à saúde mental. A ansiedade e burnout já se fazem presentes há tempos, mas tomaram maiores dimensões com a pandemia.

Descuidos com a saúde mental podem levar a:

  • Baixo desempenho e produtividade no trabalho;
  • Falta de engajamento com o trabalho;
  • Pouca comunicação com colegas de trabalho;
  • Baixa capacidade física e funcionamento diário.

Os cuidados com a saúde mental dos colaboradores não representam somente um impacto social para os envolvidos, mas também refletem nos objetivos financeiros da empresa. Manter políticas de promoção de um ambiente de trabalho saudável faz com que as empresas sejam mais propensas a diminuir os índices de absenteísmo, aumentar a produtividade e colher benefícios econômicos.

Os transtornos de saúde mental afetam 264 milhões de pessoas no mundo e possuem um impacto econômico significativo, custando à economia global US$1 trilhão a cada ano, segundo o estudo, publicado na revista The Lancet Psychiatry. 

Por onde começar?

Para termos resultados positivos referentes à saúde mental no trabalho, é essencial que as empresas comecem a planejar iniciativas como:

  1. Acompanhamento de Psicólogo
  2. Disponibilização de ferramentas de autoavaliação de saúde mental
  3. Oferta de exames clínicos gratuitos
  4. Oferta de seguro saúde gratuito ou de baixo custo
  5. Preparação de Gestores
  6. Campanhas internas como palestras e debates
  7. Momentos de relaxamento (yoga, meditação)

Mesmo que o processo ainda não esteja tão bem estruturado, pequenos passos ainda assim fazem a diferença no bem-estar dos colaboradores. Outro ponto de atenção: as pessoas precisam saber que podem usar de todos os benefícios oferecidos pela empresa sem medo de represálias ou julgamentos. Em um mundo de tantos ativos, o mais importante deveria ser a saúde mental dos colaboradores.

Related Posts