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Burnout: entenda a exaustão física e mental ligada ao trabalho

Discussão sobre Burnout toma novas proporções com chegada da pandemia e mudanças no trabalho.

Cansaço excessivo, tonturas, isolamento, nervosismo, exaustão completa no trabalho e inferioridade em relação aos outros colegas de trabalho. Essa associação de sintomas dá nome a Síndrome do Esgotamento Profissional, também conhecida popularmente como Burnout. Sua primeira descrição data 1974, pelo psiquiatra americano Herbert J. Freudenberger.

Tal síndrome, amplamente discutida desde o começo da pandemia, ocorre quando uma pessoa se vê diante de situações desgastantes e estressantes  relacionadas ao trabalho, como:

  • Lidar com muitas responsabilidades ao mesmo tempo;
  • Competitividade entre outros colaboradores;
  • Falta de recompensas
  • Políticas excessivas;
  • Procedimentos ultrapassados;
  • Rotinas de trabalho;
  • Supervisão próxima (“sensação de controle”);
  • Inexistência de expectativas claras. 

De acordo pesquisa realizada pela International Stress Management Association (Isma), um em cada três trabalhadores brasileiros sofrem com o Burnout, ou seja, a síndrome afeta mais de 30 milhões de pessoas no país. E no mundo, esse número é ainda maior.

Por esse motivo, desde 1 de janeiro de 2022, a OMS incluiu o Burnout na nova Classificação Internacional de Doenças (CID-11). Agora o transtorno é considerado uma doença decorrente do trabalho, um “estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso”.

Em plena pandemia, os profissionais da saúde foram alguns dos mais afetados. Um estudo “Burnout durante a pandemia” realizado pela PEBMED (portal de saúde), publicado em novembro de 2020, indicou que 78% destes profissionais tiveram sinais de Síndrome de Burnout no período da pandemia, sendo 79% entre médicos, 74% entre enfermeiros e 64% entre técnicos de enfermagem.

Como diagnosticar o Burnout

Um dos métodos para avaliar se uma pessoa está ou não com Burnout, é o Maslach Burnout Inventory, um questionário criado pela psicóloga americana Christina Maslach e pela Susan Jackson em 1978. O MBI é utilizado apenas para a avaliação desta síndrome, não considerando os elementos antecedentes e as consequências de seu processo. 

O MBI  contém 22 itens para se identificar o grau de Burnout em uma pessoa ou grupo. Essa avaliação procura compreender como uma pessoa vivencia seu trabalho, com base em três dimensões conceituais: 

  1. Exaustão emocional
  2. Realização profissional
  3. Despersonalização (profissional se avalia negativamente o tempo todo)

Tratamento para síndrome de Burnout

Após diagnóstico, o tratamento deve envolver o acompanhamento de psicólogos e até mesmo o uso de medicamentos, como os antidepressivos, caso indicado por um profissional.

Quando não tratado, o Burnout pode evoluir para doenças físicas, como doença coronariana, hipertensão, problemas gastrointestinais, depressão profunda e alcoolismo. 

Além disso, alguns especialistas também indicam que a pessoa afetada modifique sua rotina, buscando uma melhora em sua qualidade de vida, por atividade física regular, exercícios de relaxamento, adoção de uma alimentação saudável e maior contato com amigos e familiares.

Quanto às empresas, estas podem  prevenir  ou mesmo amenizar os sintomas dessa síndrome. Algumas ações indicadas:

  • Estimular que colaboradores engajem em atividades físicas, a partir de descontos em academia, por exemplo;
  • Fornecer condições para os colaboradores  gerenciar adequadamente o estresse;
  • Oferecer programas de meditação;
  • Garantir  tempo de descanso, durante ou depois d a jornada de trabalho;
  • Estimular momentos de descontração e confraternização entre os profissionais.

Mulheres são mais afetadas

Fora a questão dos profissionais mais impactados com o Burnout por conta da pandemia, também há dados preocupantes quando comparamos por gênero. Segundo uma pesquisa feita pela plataforma LinkedIn com quase 5 mil americanos, 74% das mulheres afirmaram que estavam muito ou razoavelmente estressadas por motivos ligados ao trabalho, em comparação com apenas 61% dos respondentes do sexo masculino.

Já a pesquisa Women in the Workplace 2021, feita pela consultoria McKinsey & Company e pela organização LeanIn, mostrou que 42% das mulheres sofrem com sintomas da síndrome de Burnout. Entre os homens, a taxa foi de 35%. O estudo se baseou em entrevistas com mais de 65 mil pessoas de 423 empresas nos Estados Unidos e Canadá.

Saúde mental em dia

Cada vez mais abordada em nosso cotidiano, a saúde mental deixa de ser um assunto apenas de âmbito pessoal, para se tornar um tópico de peso no ambiente profissional. O reconhecimento do Burnout como uma condição ligada ao trabalho vem justamente para fomentar esse fato. E para mudar essa condição é preciso um trabalho de via de mão dupla, tanto do colaborador quanto da empresa. É preciso aprender e enxergar seus limites,  mas você também deve receber as ferramentas certas para uma vida profissional mais saudável e equilibrada com a pessoal.

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